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3 de junho de 2022

Mistério da Covid na Coreia do Norte: população nunca foi prioridade do regime, analisa jornalista Álvaro Pereira Júnior

 

País mais fechado do mundo, a Coreia do Norte só admitiu o primeiro caso de Covid em maio de 2022, mais de dois anos após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o início da pandemia.

"Mas é claro que, embora eles estejam fechados totalmente, alguma porosidade sempre tem. E tem com a China, né, que é onde a pandemia começou", diz o jornalista Álvaro Pereira Júnior no episódio #720 do podcast O Assunto.

O repórter da TV Globo estuda Coreia do Norte há 15 anos e foi dos poucos brasileiros a realizar reportagens no país hoje liderado por Kim Jong-un. Ele conta as situações precárias que já presenciou, como quando viu pessoas construindo uma estrada com as próprias mãos, e como foi a epidemia de fome que o país viveu nos anos 1990, quando, diferentemente do que vem acontecendo agora, aceitou ajuda internacional.


Apesar de dizer não ser possível entender o motivo de agora a Coreia do Norte recusar ajuda, inclusive da China, maior parceiro do regime, Álvaro acredita ver uma marca da epidemia de fome na forma como o país escolheu enfrentar a Covid.


"Ninguém entende se é medo de, em algum ponto no caminho, ter alguma sabotagem, de se admitir fraqueza... Deixou muitas marcas nos anos 90, com a epidemia de fome, com a presença de ONGs internacionais. Isso ficou mal para o regime, porque os norte-coreanos que nunca haviam visto estrangeiros, de repente começaram a ver estrangeiros que estavam ali para ajudar. E isso passou uma imagem de enfraquecimento do regime. Talvez seja isso, de não quererem admitir que eles precisam de ajuda externa, ainda que seja ajuda do maior parceiro deles [China]."


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