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20 de fevereiro de 2021

Com cheia de rio, médico de Tarauacá atende bebê dentro da água: 'tentar amenizar o sofrimento', diz

 

A cidade de Tarauacá, no interior do Acre, sofre uma das maiores enchentes de sua história. Mais de 90% do município está inundado e mais de 400 pessoas estão desabrigadas. Em meio ao caos, uma imagem que mostra o médico Rodrigo Damasceno atendendo um bebê, que está com pneumonia, dentro da água viralizou nas redes sociais e chamou a atenção.

O rio está com o nível de 11,05 metros, de acordo com a medição do Corpo de Bombeiros feita às 6 horas deste sábado (20). A cota de transbordo é de 9,50 metros, ou seja, o rio está 1,55 acima do nível máximo estipulado para transbordar. A maior cota já registrada na cidade foi 11,93, em 2014.

A foto mostra o médico com a água acima da cintura, ouvindo os batimentos de uma criança com um estetoscópio, enquanto a mãe segura o filho no colo dentro de uma canoa. A família mora na Rua Manoel Lorenço, no bairro da Praia, um dos primeiros atingidos pela enchente na cidade. O G1 não conseguiu contato com a família.

O registro foi feito pelo fotógrafo Lucas Melo na quinta-feira (18), que acompanhava a equipe do médico nos atendimentos.

"A maior dificuldade em consultar é deixar um barco próximo ao outro. Então, é mais fácil ficar fora e dentro da água e consultar as pessoas dentro do barco, assim, temos uma mobilidade melhor. É a maior alagação que vivenciei no município e que está afetando mais as pessoas. Essa criança tem dois anos e está com pneumonia. Conseguimos remédios com uma farmácia local e saímos também distribuindo a medicação, porque não adianta dar só a receita se a família não tem condições de comprar", contou o médico.

Segundo a Defesa Civil de Tarauacá, há 80 famílias desabrigadas e 35 desalojadas. Foram montados oito abrigos para atender os moradores que precisaram sair de casa. Pelo menos 7 mil famílias, o que representa em média 28 mil pessoas, estão atingidas pelas águas do rio. Nove bairros da cidade já foram afetados, além de parte da BR-364, que dá acesso à cidade.



Assistência
O médico, que também é ex-prefeito de Tarauacá, explicou que a família da criança não saiu de casa, mesmo com a água dentro da residência. A mãe do menino falou para a equipe médica que tem medo de sair do local e furtarem os móveis.

Para Damasceno, o momento é de buscar os pacientes, ir nas casas oferecer ajuda, porque a maioria das pessoas está isolada nos bairros e não pode sair para procurar atendimento. Além disso, ele disse que muitas unidades de saúde estão inundadas.

"A gente tem tentado atender da forma que é possível, se for dentro da água vamos; se for nas casas também entramos; se for situação de um local mais afastado também vamos, porque as pessoas estão isoladas. No lugar de estarem procurando os médicos, atendimentos, nós que temos que procurar porque estão isoladas. Mais da metade dos postos de saúde está debaixo d'água , então, até para procurar os atendimentos é difícil, é algo que compromete o funcionamento básico de uma cidade", lamentou.


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