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12 de julho de 2017

Brasil - Prova de redação muda para o primeiro dia e divide opiniões entre estudantes

Quem já está acostumado a treinar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos anos pode ter um estranhamento com o pacote de alterações da edição de 2017. O próprio site do exame lista oito novidades para este ano. Entre as principais mudanças, estão a realização das provas em dois domingos consecutivos, nos dias 5 e 12 de novembro, e a transferência da prova de Redação para o primeiro dia. As alterações dividiram as opiniões dos estudantes. 

É que, nas edições anteriores, o primeiro dia era reservado para as provas de Ciências Humanas e da Natureza, enquanto as provas de Linguagens, Redação e Matemática ficavam para o segundo dias. Agora, Linguagens, Ciências Humanas e Redação serão no primeiro domingo; Matemática e Ciências da Natureza acontecerão no segundo. A decisão foi tomada pelo Ministério da Educação (MEC) após consulta pública.

O professor de Redação do cursinho Análise Vestibular, Neldo Neto, explica que, agora, a divisão é por áreas de conhecimento, separando-as entre Humanas e Exatas. Segundo ele, em geral, alunos que têm maior afinidade com a área de Humanas receberam bem a notícia. “Eles disseram que conseguem se organizar melhor juntando suas áreas de interesse”, conta. Já os de Exatas acreditam que a ideia de unir todas as provas de cálculos num único dia deixará a prova mais pesada. 

A preocupação com a prova de Redação – que representa 20% da nota final do candidato – também gera críticas dos dois lados. Para Briza Quaresma, 17, aluna do 3º ano do Colégio Vitória Régia, no Cabula, a mudança foi positiva. “Eu prefiro assim porque acho que diminui a minha ansiedade, justamente por causa do peso que a redação tem”. Já a colega de escola, Simone Galvão, 16, não aprova. “Acho que a prova ficará muito pesada, com muita carga de texto no primeiro dia e vai ser mais difícil administrar o tempo”, defende.  

Sabatistas

Ainda de acordo com Neldo, a decisão de realizar a prova aos domingos também foi alvo de reclamações devido às dificuldades de locomoção nestes dias em Salvador. “Mas, quando dialogamos sobre a situação dos sabatistas, eles passam a ser mais compreensivos. A espera que esse grupo passava era um respeito que desrespeitava, então essa medida foi positiva”, avalia.

Com a aplicação das provas aos domingos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tenta solucionar o antigo problema do confinamento dos candidatos sabatistas, que, por convicções religiosas, precisavam ficar isolados mais de cinco horas aguardando o pôr do sol para dar início à avaliação. Também neste ano, os cadernos de prova serão personalizados, constando na capa o nome e o número de inscrição de cada candidato.

Nada de certificado 

O MEC anunciou, em janeiro deste ano, que a partir de agora o Enem não mais servirá para atestar a conclusão do ensino médio, servindo exclusivamente para o acesso ao ensino superior. A função ficará com o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que já é aplicado pelo Inep anualmente para conclusão do ensino fundamental.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, garantiu que o Encceja seria ampliado a partir deste segundo semestre para fornecer a certificação.

Isenção 

Dessa vez, o benefício de isenção da inscrição foi concedido aos estudantes de escola pública concluintes do terceiro ano do ensino médio e alunos de baixa renda registrados no programa Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). No instante da inscrição, o Inep cruzou dados da base do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e do Censo Escolar para checar as informações fornecidas pelos candidatos.

Com isso, o órgão deixou de conceder as isenções baseadas apenas na autodeclaração de situação econômica. Agora, caso o estudante isento da taxa não compareça ao Enem, este só poderá ter a isenção no ano seguinte se comprovar a ausência por meio de atestado médico ou documento oficial.

De acordo com dados do Inep, mais de 6,7 milhões de brasileiros se inscreveram no exame – com possibilidade de ultrapassar os 7 milhões devido aos pedidos de recurso para isenção da taxa. Desse total, 490.233 são baianos. 

Troca de empresa

Outra notícia que pode ter deixado os estudantes apreensivos foi o anúncio da troca da empresa que fará a correção das redações. Antes a responsabilidade era do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe/Cespe). Agora, fica com a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp).

A instituição já é conhecida pelos estudantes baianos que fizeram o processo seletivo na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) no segundo semestre deste ano. Apesar da troca, tanto a Vunesp quanto o Inep garantem que não há motivo para pânico: o método de avaliação dos textos do Enem continuará o mesmo, obedecendo à matriz de referência para as redações. 

Em nota, o Inep assegurou ainda que, a princípio, a troca das empresas não irá interferir na aparência da prova, mantendo estilo similar ao que vem sendo adotado há sete anos. Quanto à aplicação e leitura dos cartões das provas de Linguagens, Ciências Humanas e de Matemática e Ciências da Natureza, estas ficarão nas mãos das fundações Getúlio Vargas (FGV) e Cesgranrio. O Inep garantiu também que esta divisão da correção “em nada influenciará no resultado final, mantendo a lógica do processo que vem sendo realizado nos últimos sete anos”.

De acordo com a técnica de avaliação educacional da Vunesp e coordenadora de correção do Enem, Ana Laura Nakazoni, “essa divisão das instituições que irão corrigir as provas agiliza e traz qualidade ao processo porque são empresas especializadas e que estão há muito tempo realizando esses serviços no país”, ressaltou.

Professor de Redação do cursinho Grandes Mestres, Israel Mendonça considera que a alteração da instituição é apenas um ato administrativo, já que os candidatos deverão ser avaliados por suas produções textuais: “O que o Enem fez foi organizar a vida dos alunos e professores numa dificuldade que era nacional. Antes, na mudança de uma série para outra, os alunos se deparavam com correções diferentes dos professores. Com o Enem, houve uma nacionalização dos critérios”.

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