Com o objetivo de ampliar a identificação de pessoas desaparecidas, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Bahia participa, entre os dias 5 e 8 de agosto, da Campanha Nacional de Busca por Pessoas Desaparecidas. A ação, promovida pelo Ministério da Justiça por meio da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), busca incluir o DNA de familiares de pessoas desaparecidas no banco nacional para posterior cruzamento com amostras genéticas de restos mortais, ossadas ou de pessoas vivas sem identificação.
“A gente coleta o material genético através de um cotonete, e fazemos o perfil genético dessas famílias que estão procurando seus entes que estão desaparecidos. E no banco de perfis temos os perfis genéticos de restos mortais, de pessoas que já faleceram e não têm identificação, e também de pessoas vivas sem identificação, que são pessoas que estão em hospitais, pessoas que estão em abrigos, que estão sem memória ou em coma”, informou o perito Luis Rogério.
Na Bahia, a campanha conta com a atuação integrada das coordenações de Genética e Antropologia Forense. Em Salvador, a mobilização acontece na sede do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), na Avenida Centenário, onde os familiares podem registrar boletim de ocorrência, realizar entrevistas e coletar material genético em um só lugar. Para facilitar o processo, uma unidade móvel da Polícia Civil foi instalada no local.
Apesar da campanha nacional seguir até o dia 15 de agosto, na capital baiana a mobilização com estrutura completa ocorre apenas até sexta-feira (8), das 9h às 17h. No entanto, a coleta seguirá sendo realizada após esse período, como explicou o perito criminal Luis Rogério. “A mobilização com todo o aparato vai até sexta, mas os familiares podem continuar comparecendo aqui para fazer o procedimento normalmente”, afirmou.
Para participar da campanha, os familiares precisam apresentar o boletim de ocorrência do desaparecimento. Preferencialmente, pais, mães e filhos devem realizar a coleta, mas irmãos também podem participar. O processo é simples e indolor: um cotonete é utilizado para coletar o material genético da mucosa bucal. No interior do estado, 32 unidades regionais do DPT (CRPTs) estão habilitadas para receber os familiares e realizar as coletas.
“A pessoa precisa comparecer com o boletim de ocorrência. Sem boletim de ocorrência, não faz. E para isso, aqui na capital, nós temos uma unidade móvel da Polícia Civil que está aqui no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, onde a pessoa pode fazer o boletim de ocorrência e no mesmo local será encaminhado para a coleta. No interior a pessoa tem que procurar na delegacia, fazer o seu boletim, apresentar e fazer a coleta”, continuou o perito.
O banco de perfis genéticos da Bahia já possui 720 amostras de familiares e desaparecidos, o que permitiu a identificação de 12 pessoas — a maioria por meio de restos mortais. Em um dos casos, a identificação foi feita mais de 20 anos após o desaparecimento. “Sem esse serviço, não seria possível resolver casos como esse. A família passou mais de duas décadas em angústia”, contou o perito.
Durante a campanha do ano passado, apenas na primeira semana de coleta, três pessoas foram identificadas graças à comparação de perfis genéticos. Os dados coletados alimentam um sistema nacional. Dessa forma, se um corpo for encontrado em um estado e os familiares do desaparecido estiverem em outro, o banco é capaz de apontar a confirmação do parentesco.
“O trabalho de coleta de DNA de familiares é feito durante todo o ano, mas campanhas como essa são fundamentais para alcançar pessoas que já registraram boletim de ocorrência, mas não tiveram o material genético coletado”, destacou Alessandro dos Santos Carvalho, administrador do Banco de Perfis Genéticos da Bahia.
As unidades da Polícia Técnica no interior que participam da campanha estão localizadas nas cidades de Feira de Santana, Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus, Santo Amaro, Serrinha, Irecê, Jacobina, Itaberaba, Camaçari, Itabuna, Ilhéus, Valença, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Barreiras, Santa Maria da Vitória, Luis Eduardo Magalhães, Bom Jesus da Lapa, Juazeiro, Euclides da Cunha, Senhor do Bonfim, Paulo Afonso, Jequié, Itapetinga, Guanambi, Brumado, Vitória da conquista, Ilha de Vera Cruz, Seabra, Eunápolis Itamarajú e Barra.