Há três décadas, o Brasil encerrava contra a Itália um jejum de 24 anos sem ganhar a Copa do Mundo e se consagrava como tetracampeão nos Estados Unidos, no encontro que colocou frente a frente duas equipes tricampeãs. Daqui a dois anos, a Seleção Brasileira vai buscar novamente levantar a taça e coincidentemente superar outros 24 anos de fracassos e no mesmo país.
Se tem chance de repetir o feito, ainda não é possível prever porque há ainda um longo trabalho a ser feito, até mesmo em função do que infelizmente vimos (e principalmente do que não vimos) na equipe verde e amarela na Copa América, que terminou ontem, na finalíssima entre Argentina e Colômbia.
Enquanto não secam as cicatrizes da eliminação e do fracasso nos gramados norte-americanos, só nos cabe relembrar que há muito tempo e por muitas vezes, já jogamos o mais lindo futebol do planeta, com organização tática, muita garra e responsabilidade com a camisa mais vencedora do mundo.
Relembre a histórica final que valeu o Tetra ao Brasil
Um gesto marcante foi visto no pré-jogo, antes do desfile inicial e da execução dos hinos nacionais de Brasil e Itália, quando os atletas brasileiros entraram de mãos dadas, seguindo uma ideia de Ricardo Rocha, mostrando ao mundo que a Seleção era formada por um grupo muito unido e determinado. Com a bola rolando no Rose Bowl, sob um sol escaldante, o Brasil voltava, 24 anos depois, a uma final de Copa do Mundo, encarando novamente a Itália, como no México, em 1970.
Para quem se lembra e para os que viram a decisão pelos vídeos na internet, a partida foi bastante tensa, e em alguns momentos até monótona, mas o Brasil foi melhor no jogo e criou mais chances que o time da Itália. O grito de gol quase saiu no momento em que Mauro Silva chutou e o goleiro Pagliuca quase engoliu um frango monumental.
Sem acréscimos e um insistente 0 a 0 no tempo normal, o árbitro húngaro Sándor Puhl encerrou os 90 minutos regulamentares e o jogo foi para uma sofrida prorrogação, em que Bebeto e Romário perderam ótimas oportunidades dentro da área. Apesar das investidas, o gol não veio e, pela primeira vez na história, a final de uma Copa do Mundo seria decidida numa disputa por pênaltis.
Nos pênaltis, Baresi e Márcio Santos desperdiçaram. Romário, Branco e Dunga marcaram para o Brasil, Taffarel pegou a cobrança de Massaro e o craque italiano Roberto Baggio isolou sobre o gol e fez o torcedor brasileiro explodir de felicidade e comemorar um título mundial novamente após 24 anos.
A contagem final dos pênaltis foi de 3 a 2 para o Brasil, ironicamente o mesmo placar devidamente devolvido do último encontro entre as duas equipes na Copa do Mundo da Espanha, em 1982.
Enquanto os jogadores do Brasil comemoravam em meio às lágrimas de alegria e muita emoção em campo e faziam uma homenagem ao piloto Ayrton Senna, falecido dois meses antes, o narrador Galvão Bueno tornava histórico o bordão “Acabou!!! É Tetra! É Tetra!”.
Os torcedores brasileiros invadiam todos os lugares possíveis e sabiam que o mundo já tinha o seu primeiro tetracampeão e que ele era orgulhosamente o Brasil!
Final da Copa do Mundo de 1994 / Ficha técnica:
Local: Estádio Rose Bowl, em Pasadena (USA). Público: 94.194 espectadores.
17/07/1994 (12h35)
Brasil 0 x 0 Itália (tempo normal e prorrogação)
Brasil 3 x 2 Itália (pênaltis)
>> Brasil: Taffarel, Jorginho (Cafu, aos 21), Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Viola, aos 106); Bebeto e Romário. Treinador: Carlos Alberto Gomes Parreira.
>> Itália: Pagliuca, Benarrivo, Mussi (Apolloni, aos 34), Franco Baresi e Maldini; Albertini, Dino Baggio (Evani, aos 95), Berti e Donadoni; Roberto Baggio e Massaro. Treinador: Arrigo Sacchi.
>> Pênaltis: Franco Baresi (0:0); Márcio Santos (0:0); Albertini (0:1); Romário (1:1); Evani (1:2); Branco (2:2); Massaro (2:2); Dunga (3:2); Baggio (3:2).
>> Árbitro: Sándor Puhl (Hungria).
>> Assistentes: Venancio Concepción Zárate Vásquez (Paraguai), Mohammed Fanaei (Irã).
>> Cartão Amarelo: Mazinho, Cafu, Apolloni, Albertini.