Os participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2020 impresso terão de dissertar sobre “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira” na primeira prova deste domingo (17).
A redação deve ser do tipo dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, desenvolvida a partir da situação-problema proposta e de subsídios oferecidos pelos textos motivadores.
Análises
Na avaliação dos professores ouvidos pelo R7, o tema não surpreendeu, foi considerado importante, abordado ao longo do ano, e que favoreceu os estudantes mais bem preparados. "Foi um tema trabalhado no ano de 2020, tendo em vista a questão pandêmica. Foi um tema tranquilo, em que o aluno deveria primeiramente trabalhar a questão da saúde mental e em contrapartida falar sobre os estigmas causados pelas doenças mentais", avalia o professor de redação do sistema COC by Pearson, Rodrigo Noronha.
Milton Costa do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, considerou o tema pertinente e importante, dentro do padrão esperado para o Enem. "A primeira das três provas de redação já oficialmente agendadas pra edição 2020 do Enem faz aquilo que o exame se propõe a fazer e faz desde 2012, pelo menos, com exceção de 2018, que é uma situação problema dentro da realidade brasileira", afirma o professor. "É nada mais do que uma questão que demanda respostas, saídas as mais diversas pra ser resolvida. Neste caso, os candidatos deveriam propor caminhos para vencer o estigma que persegue vários brasileiros que têm alguma doença mental e que têm a vida bastante complicada por conta deste estigma." Na avaliação de Costa, "é bastante provável que candidatos bem preparados consigam produzir excelentes textos e prova boa é aquela que privilegia quem se preparou bem".
Maria Catarina Bózio, coordenadora de redação do Poliedro, apontou o que poderia ser abordado no cenário nacional e internacional para desenvolver o tema. "Como repertório, os alunos tinham de forma bastante acessível o diálogo com literatura brasileira, Machado de Assis, colocando O Alienista, mais próximo da sua dinâmica cotidiana o próprio uso de palavras pejorativas como o termo retardado".
Ela cita também os trabalhos de figuras brasileiras icônicas, como o artista Arthur Bispo do Rosário e a médica Nise da Silveira, uma das primeiras a defender uma política antimanicomial no país. "Pensando em abrangências mais globais, a gente poderia trazer o filósofo Byung Chun Han, que vai falar um pouco sobre depressão, sobre ansiedade, burnout e que tipo de percepções esse tipo de doença carrega ainda hoje na sociedade brasileira como um estigma de fraqueza, de ‘não deu conta’, ou mesmo pensar no Foucault, com a História na Loucura e todo o levantamento que ele faz a respeito disso", detalha a coordenadora.
Thiago Braga, professor e autor do Sistema de Ensino pH destaca que a "sociedade brasileira encara a questão de saúde mental com muito preconceito, principalmente no mercado de trabalho". Para ele, a educação tem mudado essa postura com a mudança da base curricular. Braga também chamou a atenção pelo aumento de casos de depressão.
Já Sérgio Paganim, coordenador de Linguagens do Anglo, lembra o histórico de tratamento nos manicômios e os afastamento: "A sociedade sempre lidou com as doenças mentais com o afastamento e isso traz consequências como pouca visibilidade do problema e poucas ações do Estado para resolver esse problema.
Prova
O primeiro dia de provas presenciais começou oficialmente às 13h30. Os participantes terão 5h30 para responder a 90 questões de múltipla escolha de Linguagens e Humanas, além de produzir uma redação. A correção da prova será transmitida pelo R7 Ensina no canal do portal no Facebook a partir das 18h30.
Os estudantes só poderão deixar o local de prova a partir das 15h30, quem sair antes será desclassificado. É permitido deixar o exame com o caderno de questões meia-hora antes do exame ser encerrado, a partir das 18h30. Às 19h, a prova chega ao fim.
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