A alegria e a tranquilidade do baiano são mundialmente conhecidas,
mas não é recomendável profanar aquilo que o povo da boa terra considera
sagrado: isso vale pros seus templos, seus terreiros e, não menos, para
seu acarajé. O bolinho de feijão tem na Bahia um status superior, tanto que é
oferecido aos orixás. E é pecado gravíssimo menosprezá-lo, vulgarizá-lo
ou profaná-lo. Até a Fifa, que tentou impedir a venda do quitute na
Arena Fonte Nova durante a Copa de 2014, acabou tendo que baixar a bola.
Mas a má-vontade da cartolagem irritou tanto os orixás, que a entidade
máxima do futebol desmoronou após o mundial. Agora, a Polícia Federal pisa em campo minado, ao batizar a 23ª fase
da Operação Lava-Jato com o nome de “Acarajé”. O fato repercutiu mal
entre muitos baianos e, nas redes sociais, há inúmeros protestos contra a
escolha dos meganhas.
“Queremos que combatam a corrupção, mas exigimos que respeitem nossas
tradições”, proclamou via WhatsApp um baiano, retado com a PF. O mesmo
chegou a sugerir que o governador Rui Costa assine uma moção de repúdio
contra a apropriação indébita do símbolo sacro-gastronômico.
Longe do tabuleiro da baiana, a Operação Lava-Jato vive um momento
labiríntico e sofre questionamentos de setores da sociedade,
principalmente no campo jurídico. Sem desconhecer a importância do
combate a corrupção, as críticas miram possíveis abusos contra direitos
fundamentais, como o uso da prisão preventiva para forçar delações.
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